No rastro de nossa história...
O Morro da Viúva só passou a ser assim denominado em 1753, depois que se tornou propriedade da viúva de Joaquim Figueiredo Pessoa de Barros. Consta, entretanto, que muito antes fora conhecido por Morro do Léry ou do Leryfe, por ter Jean de Léry morado alguns meses na Casa de Pedra que, segundo pensam alguns, devia ficar nas imediações do Morro da Viúva.
No alto do Morro, segundo historiadores, ainda se encontram vestígios de um forte que aí foi levantado, em 1863, por ocasião da questão “Christie”, para defesa da Praia do Flamengo e da Enseada de Botafogo.
O contorno pela orla marítima, acompanhando o Morro da Viúva, só foi realizado em 1922, na administração do prefeito Carlos Sampaio, surgindo, então, a Avenida Rui Barbosa.
A nossa Praia era dos Flamengos
Desta vez vamos contar com a participação do pintor e historiador do Rio Antigo, Eduardo Camões. Morador da Rui Barbosa há dez anos, Camões nos presenteou com uma belíssima pesquisa sobre a nossa querida Praia do Flamengo. E é do seu livro “Rio Antigo” esta narrativa ambientada no século XVII:
Um navio holandês singrava o alto mar quando foi palco de um motim da tripulação contra o comandante, que se havia excedido em crueldade. Vitoriosos, os marinheiros rumaram então para o Rio de Janeiro.
Como não mais poderiam retornar à Holanda, sob pena de enforcamento, os amotinados resolveram fixar-se na nova terra aportada e, para isso, escolheram uma bela praia deserta na baía de Guanabara, na banda dos Cariocas. Foi a partir desse fato consumado que os portugueses da cidade passaram a chamar o lugar de Praia dos Flamengos, hoje do Flamengo.
Na extrema direita dessa praia existe um morro que se constituía em divisória natural entre ela e sua contígua, a futura Praia de Botafogo, sendo que a área era um bom ponto de observação para o interior da Baía. Após 1753, este morro começou a ser informalmente conhecido como o Morro da Viúva, pois passou a ser propriedade da viúva do Sr. Joaquim de Barros.
Assim, em 1863 idealizou-se e construiu-se uma fortaleza, no topo desta elevação, com a intenção de se proteger ambas as praias, a dos Flamengos e a de Botafogo. Mas, após construída a fortaleza, a ela não se deu muita importância defensiva, talvez porque fosse alvo fácil para canhões inimigos ou, ainda, porque os flamengos não mais representassem ou nunca tivessem representado perigo à soberania portuguesa no local.
Mas, tendo-se construído a fortaleza, era preciso bem aproveitar-se o esforço empreendedor. E, desta forma, construiu-se no morro um reservatório de água destinado a suprir a região, cumprindo-se este segundo destino mais útil para ele pois antes já havia servido de pedreira aos canteiros de obras do antiqüíssimo Mosteiro de São Bento.